terça-feira, 9 de outubro de 2012

2012 na Granja...

" Então, o que os senhores são? Eu digo que os senhores são um feixe de tudo aquilo que é associado pelo pensamento. O que os senhores pensam, isso os senhores são". (Krishnamurti)



          O que realmente queremos? E como podemos pensar em "mudanças" daqui de onde estamos e respiramos? Não conseguimos a obviedade, a visão direta das coisas que nos cercam e assolam. Porque dói sabermos o que somos agora. Dói saber-se mortal, entender a impermanência de todo este sonho, dói. E a dor traz o medo. O medo que contrai. A dor é o estado usual do ser, sempre variando conforme nosso grau de consciência.




          Eis 2012 às nossas portas. Para 12 de dezembro ainda nos restam 64 dias. Para 21, 73 dias. Mais uma vez a humanidade voltou a sentir os sérios sintomas de "apocalipsismo agudo", estranho mal que acomete humanos a cada dobra de milênio. O atual "corpo místico" destes tempos, divididos em inúmeras "facções", aponta tantas certezas e desfechos, tantas tragédias para esta festa, numa confusão de fazer dó. Tenho nestes últimos meses seguido vários blogs e grupos para ter uma visão panorâmica da coisa. São tantas certezas e tantos conselhos quanto são os grupos que atuam, pesquisam, opinam. Como formigas em folhas perdidas num grande rio incerto.

          Seria cômico. Chega mesmo a ser cômico aos racionalistas, ateus, céticos e agnósticos que pensam de um outro lado deste mesmo muro. Mas eu não rio. Aliás, também estou neste rio.

          Sim, o velho planeta chegou até esta dobra de milênio num estado realmente aterrador. Conseguimos nestes últimos tempos avançar tanto nosso aspecto neoplásico, humanizamos tanto este planeta que agora agoniza e converte-se em dejetos petrolíferos... E nunca fomos tão escravos, tão servis às grandes corporações, aos corruptos da política, a este laboratório insano e cruel que representa esta civilização. O mundo comporta-se realmente  como  se governado por algumas elites específicas e entrelaçadas, associadas em mecanismos conspiratórios (como aquela pirâmide "illuminati" que abunda pela net). Tudo parece uma imensa e impiedosa granja onde humanos são amontoados, vacinados, engordados, perturbados e violentados para o engorde e o abate. Ao mesmo tempo que nossas mentes são dispostas em estúpidas prateleiras de condicionamentos e alienação pela educação moderna - para funcionarmos como estúpidos robôs programados e domesticados - sim, "Matrix".



          Pois bem. Confusão na granja de humanos. Místicos correndo para todos os lados, diversos "caminhos" tecidos num verdadeiro tsunami de informações contraditórias e questionáveis. Céticos disparando soltas  risadas deste movimento caótico (enquanto seus poleiros incendeiam lentamente e não percebem). A "casa" está pegando fogo desde os tempos de Sidarta, mas poucos realmente sabem o que isso significa. Poucos conhecem a saída. A impressão que tenho é que um silencioso grupo se diverte muito com isso, dispondo oportunamente esta confusão para a granja de final de milênio.

          Se eu fosse um "Illuminati" e percebesse nesta granja alguns humanos começando a perceber a coisa, se fosse um pouco mais reptiliano do que pareço, faria exatamente o que a internet faz: Disponibilizaria inúmeras informações questionáveis, semearia diversas tendências e grupos "libertários", conspiracionistas, disponibilizaria "mensagens" de inúmeros arcanjos e capitães interestrelares interessados na salvação das aves desta granja... Encheria o youtube de óvnis e nibirús, a cada dia mais "provas" e "provas"... E a cada dia, mais grupos e grupos diferentes, mais dúvidas, em essência... Mais Divisão dos grupos libertários. ... E contando sempre com os EGOS humanos. Pronto. Armado o baile das aves humanas desta granja. E continuaria a manipulá-las do mesmo jeito de sempre, em silêncio. Não sou paranóide (tanto...) mas sinto, às vezes, alguma coisa imensa e oculta  a silentes gargalhadas por cima de nossas confusas cabeças.



          Tudo está confuso agora. Fato. Algo parece estar acontecendo na surdina, inicialmente, e digo também Fato. Alguma coisa parece sim estar prestes a acontecer - e algumas coisas não desejam que saibamos o que, como, onde (Minha saudável paranóia novamente exclama: FATO!). Os habitantes da Granja de humanos estão agitados e confusos - Uma grande parte apenas tentando sobreviver, uma outra parte cética a rir-se de nós e a  confiar numa certa "sciencia" (a mesma que fabricou e fabrica suas grades e poleiros), partes corrompidas que recebem uma maior quantidade de ração e poder (enquanto perpetuam a escravidão geral... Estiveram em festas no último dia sete...)...

           E minhas gastas e velhas botas perguntam-se: O que fazer?


          As informações estão soltas, inúmeras, talvez dispostas oportunamente numa variada salada de confusões... Confiáveis? Qualquer um que comece a escalar estes montes certamente ficará confuso. perder-se-à numa irracional exigência de critérios incertos. Sempre é bom observar, rastrear possibilidades e caminhos, informar-se. Mesmo se as coisas são movediças e de veracidade duvidosa. É o que venho fazendo nas noites insones, viajando por inúmeros blogs.

         Mas tenho que seguir um caminho de "certezas", quero saber o que está para acontecer e como me preparar para isso. E digo que por esta densa floresta é impossível. Aprecio sua vegetação exuberante, as linhas de pensamento místico, os grupos, aprecio espécimes bizarras, envolventes, estudo suas estruturas com curiosidade, mas é só isso o que posso fazer. Nenhuma garantia de que este ou aquele caminho, esta ou aquela hipótese sejam reais. O que a maioria de nós buscadores faz é uma entrega. Simpatizam com esta ou aquela corrente, encontram sentidos e mergulham nelas com uma força e uma radicalidade que somente egos podem criar e manter. Sim, egos. Não sofrem transformações profundas em níveis egóicos, sofrem entregas que prometem transformações, mas a nível de quê? Em nossos desesperos seremos sempre vítimas destas entregas.



          Penso que tudo deve começar por aquilo que realmente dispomos. Nesta alquimia interna a única matéria prima que nos cabe é aquilo o que somos agora - Os nossos próprios conflitos e egos, o solo deste subterrâneo pavoroso de onde existimos - "isso" que não tem nome nem forma mas me faz errar sempre da mesma forma (repete-se ciclicamente), "isso' que me povoa de medos e inseguranças, que cria meus sintomas e conflitos. "Isso" que rasteja silenciosamente por trás de cada máscara nossa, de cada engano, esquecimento, insônia... Que nos obriga a calmantes e outros anestésicos tão mortíferos quanto estes. Esta é a única matéria - prima por onde posso começar o trabalho, inquestionavelmente o trabalho mais importante de minhas existências. Aprofundar a consciência (seja lá o que ela seja) nestes entulhos nervosos e inquietos, em suma, nossos verdadeiros tesouros. Pois é deles que o "fogo" da consciência vai arder, vai alimentar-se, talvez um dia atrair seu mercúrio e transcender. Não é uma entrega ao Venerável Senhor da Chama Rosa, ao poderoso Comandante das Naves de Poseidon, ou aos Sagrados Guardiões dos Portais de Ô-Hay-Hô. O que estas criações duvidosas fariam com todo o sagrado lixo que carregamos (e fazemos questão de ignorar, de não olhar, de negar)? - Talvez dessem boas risadas, talvez estocassem tudo para um próximo coffe-break numa distante galáxia perdida. Esperar que naves venham a nos abduzir um pouco antes de explosões nucleares ou tsunamis, trazendo o Poderoso Elixir da Iluminação e do Rejuvenescimento... Bem, isso até pode acontecer, mas o que estes incautos estariam abduzindo, que confusões e traumas estariam carregando para suas colônias? E quem me garantirá que estas colônias intergalácticas não sejam outras granjas para humanos um pouco mais limpas e confortáveis? Sim há perigo por todos os lados, há perigo em ficar, há perigo em partir, há perigo em dar-se de ombros e rir-se. A Mansão de Sidarta pega fogo há milênios e a floresta lá fora para onde poderemos correr é perigosa.



          Não é a um 2012 apocalíptico que devo temer agora, a uma terceira guerra mundial recheada de naves bem intencionadas, não é a Nibiru ou ao batalhão de illuminatis reptilianos... Não, há algo muito mais tenebroso do que até a própria granja para humanos onde esperamos pelo abate: A minha ignorância, patrocinada pelo ego e pelo medo. Este lixo não trabalhado que ganhou vida e nos colocou aqui. Isso é muito mais perigoso -  e são as únicas coisas em que posso por as mãos (a consciência) - isso esconde o único portal que, se atravessado, poderá levar-me a talvez outros portais mais sagrados. Sim, meu portal mais sagrado esconde-se com todo este lixo que me tortura, me assola e me faz acreditar sê-lo. Minha libertação começa a partir do momento em que me agacho curiosamente sobre minhas podridões, idiossincrasias, sintomas e crenças - quando deixo de curvar-me a eles.

          Não há um método. Nem um caminho, um mantra, não há um mestre, um tratado esotérico que me sirva neste começo. Há o que há - uma consciência oprimida tentando enxergar-se. Algo de uma simplicidade que fere. Como a luz da manhã cortando os olhos de quem desperta de uma longa e tenebrosa noite.



          Minhas sinceras admirações a todos os buscadores inconformados que encontro pela net, pelo face, em uns pouquíssimos e caros amigos próximos. Nenhum radicalismo. Isso tudo é uma "democracia mística" e, sem radicalismos, todos podemos falar, expor. Queria trazer apenas algo que considero uma pequena contribuição - como as muitas que recebi de todos os vossos grupos, blogues, comunicados, sites (especialmente sites  da FIA e do Universo Spiral, no face). E aos companheiros de Jornada Alsibar e Dalsan Arnaldo.

          Não importa o que venha a chegar com 2012, mas em quem este 2012 chegará.





       
       


       

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

03.10.2012.... 0h1min






0h 1min. Ventos fortes por aqui, dançam nos fios dos postes como os sons das neves e montanhas.
O mar explode na esquina em ondas de maré cheia, meu silêncio de agora. Aqui parece bem longe do mundo, mas me trás o mundo.
Bem longe das pessoas, mas estou com elas. 
Aqui também é inferno, embora apenas com um demônio e sem sofrimentos alheios.
Um corpo de carne digita isso. Uma alma de vento observa. toda uma casa de exílio e noite compartilha.
A alma do que está aqui agora. O mundo se debate lá fora e ainda temos paz por aqui.
Minha Sorte. De ainda poder escrever e sentir, de ser Vento. 
Desconheço outro sinônimo de liberdade.
Os grandes ventos de Outubro que poucos conhecem.