el Lunes, 12 de septiembre de 2011 a la(s) 21:16



“(...) Quando "amo", os primeiros ventos a empurrar a alma: harmonia e movimento, plenitude. Acordo numa manhã diferente, o barulho dos carros e buzinas que sempre me arrancaram puto do último sono agora não me atinge, parece-me uma curiosa sinfonia distante e suportável...  O sol, que me cegava pela janela todas as manhãs, agora invade o quarto como uma doce cortina de luz e aquece-me o peito (mesmo nos quarenta graus do RIO...).. A minha interação com as coisas do mundo torna-se doce, agradável, meio chorosa e alegre!!! Sento e escrevo, horas escrevendo, as idéias esvoaçam, caem no papel, fogem, voltam a pousar ali... As melancias!!!!

Então eu procuro um epicentro....

Este epicentro tem um nome e um sexo...

E eu penso que este epicentro injeta em mim toda esta maravilha mimosa que me assolou, penso que esta fulana foi a responsável por esta divina explosão... Não vejo que ISSO TUDO JÁ ESTAVA EM MIM, LATENTE, como as cores e os sons já estão neste meu computador, não vieram pelo modem ou por algum satélite....

Aí eu quero preservar isso tudo, a sinfonia automotivo-timpânica matinal, o abraço quente do sol, ... , E aí? Eu tento cercar a pessoa, impedir que ela saia de meu território, que seja só minha e minha e minha, e de minhas melancias... e se sou intenso, compulsivamente busco isso nesta pessoa, em outras quando ela se vai... Eis aí, penso, a primeira tijolada amorosa.

A segunda:
Meu universo afetivo é cíclico e dinâmico (uma "rebundância"). Este bem estar me tira do meu "normal", do dia  a dia a que estou acostumado. Bem, num sistema qualquer, semi-fechado (onde sempre a busca do equilíbrio impera), existe a tendência ao retorno, o elástico esticado tem que voltar ao seu comprimento inicial. O meu "amor" esticou meus elásticos e eles vão ter que retornar ao seu estado inicial. Lei. Então os carros começam a me "azucrinar" com suas buzinas, cada vez mais, todas as manhãs,,, A cortina de sol me faz enfiar a cabeça abaixo do travesseiro, seu calor me faz suar e grudar nojento nos lençóis... Enquanto as melancias apodrecem acima da geladeira. Percebo isso, COMPARO isso com os meus doces dias de "paixonite"... E PLUFT! “Oh, como sou infeliz!” Se o fulano ou fulana está ao meu lado, bem, sabemos o que ocorre com a maioria dos casamentos... Se tudo resultou em mais um pé-na-bunda que levei, me revolto, ODEIO, me DEPRIMO, nunca mais seu alguém, enfim...

Quando comecei e perceber isso, tornei-me um apaixonado por paixões. A princípio, buscava todas ao mesmo tempo, vários epicentros (ocultos uns dos outros, é claro). Mesmo conhecendo o elástico, não o queria frouxo (como a nenhum outro órgão menos pudico...). Era bom? Sim. Doía? Sim. Aprendizado, aulas de Devassologia e Perversões I.

Felizmente envelhecemos. Apressando a marcha do enterro, começo a entender o jogo, é você perceber que o movimento do elástico é este. Que aos poucos, se o deixar voltar harmonicamente aos seus estados anteriores, e reesticá-lo um pouco mais no tempo certo, e deixá-lo voltar, e esticar... O que acontecerá? Estarei deslocando cada vez mais para  fora meu centro, flexibilizando... Este me parece "o caminho do amor". Creio que isso signifique, PARA MEU SER, uma espécie de “MEDITAÇÃO DINÂMICA"... Isso vai me levar cada vez mais próximo a uma região onde não posso definir ou teorizar - apenas chamo-a de "pleno amor", despertar, o portal por onde poucos passam. Sim. Krishnamurti comparou o Universo como uma "mente meditando". Sim, creio que deus medite - os deuses meditem!

O pleno amor pode residir bem ali, onde o elástico silenciosamente se finda... O amor passa a ter como objeto o Todo, o Si-mesmo, o Nada, neste estágio tanto faz...(...)”.