domingo, 13 de maio de 2012

...

... Dias densos estes. Ou talvez algo meu, de minhas densidades. Como se num exílio e distante de si mesmo. Ou tivesse ido longe um pedaço da alma, deixando as coisas mornas por aqui. Tempo que se arrasta, as idéias parecem congeladas, semi-mortas. Se forem energias "do lá fora", de qualquer jeito houve ressonância aqui.

...A mente consegue esvaziar por um tempo, mas sempre neste peso estranho, neste movimento sem sentido. Não há tristeza, apenas um pesar por este estranho movimento. Como se estivéssemos cansados nalguma instância mais profunda.

..."Depressão" sem tristeza, a própria essência pura da melancolia, não sei. Um palco de energias estagnadas, algo parou, arrasta-se.

...Tento concentrar-me no que sobra. Naquele que observa e escreve. Afinal, é isso o que temos agora. Este palco oculto que sabota, que disfarça e movimenta suas configurações estranhas. Como a colocar-nos num denso nevoeiro, quase cegos, invadidos por um tédio que não é nosso.

...Deveria estar mesmo nesta casa, neste exílio, com os gatos, vendo e sentindo esta nuvem que se espraia sob a luz. A mesma luz que parecia tão próxima e viva. Mesmo sem quase suportar-me agora. Estar aqui para recuperar a força de observar, meditar, talvez para me ocultar.

...Fase que pede reclusão, espécie de "resfriado da alma"? Enorme ave de mau agouro a sobrevoar silenciosamente os céus, em busca dos Primogênitos? Sei que algo sobrevoa, atento, enquanto aqui em baixo tentamos nos mover.

... Dias estranhos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário