sábado, 16 de junho de 2012

Krishnamurteando...


J. Krishnamurti - O Futuro é Agora - Últimas Palestras na Índia 1885

de VossaIndecência Nestor O Esbórnio, el Viernes, 15 de junio de 2012 a la(s) 20:52 ·
Varanasi - Debate Com Os Budistas -

9 de novembro de 1985

          "(...) Eu vou morrer - isto é certo. E digo, pelo amor de Deus, espere um minuto. Mas se eu perceber que todo o tempo é agora - isto significa que a morte e aq vida estão juntas; elas nunca estão separadas. Portanto, o conhecimento está me dividindo - conhecimento de que eu vou morrer no fim de janeiro - e eu fico assustado; e digo, por favor, por favor, espere, espere, espere, tenho que fazer um testamento, tenho que fazer isto, tenho que fazer aquillo. Mas se eu vivo com a morte, eu faço isso o tempo todo; isto é, eu faço o meu testamento. Estou morrendo agora significa que eu estou vivendo. Estou vivendo e a morte é a porta ao lado;não há divórcio ou separação entre viver e morrer.
          O senhor pode fazer isso, ou é impossível? Isso significa que a morte diz, "O senhor não pode levar nada consigo". O seu conhecomento, os seus livros, a sua esposa, os seus filhos, o seu dinheiro, o seu carater, a sua vaidade, tudo o que construiu para si próprio - tudo acaba com a  morte. O senhor pode me dizer que há uma possibilidade de reencarnação. Mas eu lhe pergunto: O senhor pode viver agora sem o menor apego ao que quer que seja? Por aqu adiar isso - que é apego - até o leito do enfermo? Livre-se do apego agora (...)".

         Varanasi - 18 de novembro de 1985

          "(...) Então, o que os senhores são? Eu digo que os senhores são um feixe de tudo aquilo que é associado pelo pensamento. O que quer que os senhores pensam, isso os senhores são (...)".

        Varanasi -  22 de novembro de 1985 - 

          " (...) Quando os senhores são feridos, não fisicamente, mas psicologicamente, interiormente, dizem, "estou ferido". Os senhores estão todos feridos, não estão? Desde a infância, até ficarem velhos e morrerem, estão sendo feridos o tempo todo. então dizem, "não posso mais suportar as feridas, estão tão ferido. Estou apavorado". Eu construo um muro ao meu redor, me isolo - tudo isso é consequência de se estar ferido. 
          Mas quem está sendo ferido? O senhor diz, "sou eu". Então, o que é esse "eu"? O senhor simplesmente diz, "eu", o ego, qualquer outra palavra que vier, mas não investiga quem é o "eu", quem é a persona. Quem é o senhor - um nome, uma posição, se for suficientemente afortunado ou desafortunado; um emprego, uma casa, um apartamento e um título depois do nome? Aí estão as imagens que o senhor construiu de si mesmo, de modo que quando diz que está ferido, as imagens ao redor estão feridas. Mas todas estas imagens são o senhor - o senhor é um físico, o senhor ´r um médico, o senhor é um filósofo, o senhor é um membro do parlamento,ou um engenheiro. Já notaram como as pessoas são apresentadas pela profissão que exercem? Portanto, o ego, a psique, a persona, é a imagem que o senhor construiu de si próprio. 
          O senhor construiu uma imagem de sua mulher, e ela constrói uma imagem do senhor - e essas imagens se relacionam. Veja o que está acontecendo. As imagens se relacionam - não as pessoas, mas as imagens - e o senhor vive disso. Portanto, o senhor nunca conhece a sua mulher ou o seu marido, ou o seu amigo. Ou não se importa em conhecer, mas o senhor tem uma imagem. A pergunta é: pode-se viver sem uma única imagem? Vejam as implicações. a beleza, a liberdade nisso tudo.

          "(...) Portanto, todos nesta terra - todos - do mais rico ao mais pobre, do mais poderoso ao menos poderoso, todos sofrem. O sofrimento não é seu, porque todos sofrem. Não é o meu sofrimento; é sofrimento. Será que os senhores estão entendendo? Meu filho morre e eu fico terrivelmente abalado. Choro e digo, "meu Deus, perdi meu filho", e isso torna-se um problema perpétuo. Choro toda a vez que vejo um menino ou uma menina. E sofro a dor da solidão, do pesar.
          Se há sofrimento não há amor. Por favor, percebam isso. Eu sofro, sofro, sofro, isso é em parte devido à autocomiseração, à preocupação pessoal, do tipo "minha dor é diferente da sua dor", "meu guru é mais forte do que o seu", "meu Deus é diferente do seu". Então, há um fim para o sofrimento? Ou a humanidade deve passar por isso a vida toda? O orador diz que pode haver um fim. De outra forma, não há amor. Derramo lágrimas, sofro, e o senhor vem até mim e diz, "todo ser humano na terra sofre: não é o seu sofrimento, todos nós participamos dele". Eu me recuso a aceitar esta afirmação porque adoro o meu sofrimento, sou feliz no meu sofrimento, e quero estar sozinho com ele.

           (...) O senhor não está separado da humanidade. Pode ter uma posição melhor, títulos, mais dinheiro, mas o senhor faz parte da humanidade, sua consciência faz parte da humanidade. A sua consciência contém todas as coisas pensadas, imaginadas, temidas pelo senhor. Isso é a sua consciência, e também a consciência da humanidade. 

          "(...) Devemos falar sobre a morte. Desculpem-me. Numa bela manhã, sentado debaixo das árvores, tranquilo - sem nehum trem passando sobre a ponte - falar de morte pode parecer mórbido, pode parecer feio. agora, juntos, vamos partilhá-la - não apenas os senhores ouvindo e eu falando. Então, o que é a morte? Por que ficamos tão assustados com ela? Por que reservamos a morte para daqui a dez, vinte ou cem anos? É preciso, pois, perguntar não apenas o que é a morte e o morrer, mas também o que é o viver. O que é a sua vida? - escritório das nove às cinco, como escriturário, como governador, como operário, ou seja lá o que for, pelo resto da vida, exceto quando se aposentar como um velho maluco. E a sua vida é criar filhos, sexo, prazer, dor, pesar, ansiedade, problemas e mais problemas - doença, médicos, operações cesarianas, dor ao dar à luz. Esta é a sua vida. Estão de acordo? e chamam a isso de viver. E o senhor aguenta isso, gosta disso e quer cada vez mais. Certo? E a morte é posta de lado o maior tempo possível. E nesse intervalo de tempo, o mesmo modelo é repetido. Os seus filhos, os seus netos, todos vivem de acordo com este mesmo modelo.
           Então digo a mim mesmo: por que não transformar isso que chamo de morte em vida? Os senhores não podem levar nada consigo - nem mesmo tudo o que seu guru disse e tudo o que os senhores tentavam seguir, nem a mobília, a mulher, os filhos, nem toda a prata que guardaram, todo o dinheiro no banco. Já que não podem levar nada com os senhores, por que não deixar que a vida e a morte se encontrem? Entendem o que estou dizendo? Por que não deixar que a morte venha hoje? Não o suicídio, não estou falando em suicídio. por que não ficar agora, totalmente livres do apego - que é a morte? Desapeguem-se completamente - hoje, não amanhã. Amanhã é a morte. Então, por que não posso me livrar agora dos apegos, de modo que o viver e o morrer estajam juntos o tempo todo? Será que os senhores vêem a beleza disso? Essa condição lhes proporciona um enorme sentimento de liberdade. Assim, o viver e o morrer ficam juntos sempre. Não se trata de algo para assutar. se o cérebro pode fazer isso, então ele mostra uma capacidade totalmente diferente. Não tem ganchos, nenhum sentimento de passado, de futuro, de presente. É viver - é realmente um caminho sem fim de vida. Isto é, cada dia é um novo dia. Não interpretem mal o que estou dizendo - o futuro é agora.
          Não há isso de "eu nascerei de novo numa próxima vida". Esta é uma idéia à qual os senhores estão apegados. Dá-lhes grande alívio, mas se aceditam na reencarnação, então devem agir corretamente agora, porque na próxima vida vão pagar por isso ou ser recompensados. Esta é uma idéia reconfortante, mas não tem sentido. Porquie, se agirem corretamente agora, não tem sentido ser recompensado por isso. Probidade é probidade, não o que os senhores vão ganhar com isso. Esta é uma atitude mercantilista, uma atitude mecânica.

         " (...) A meditação implica libertar-se totalmente de comparações, de avaliações - e isso é difícil. Meditar é algo maravilhoso se você sabe o que faz. Quem medita é diferente da meditação. enquanto houver meditador não haverá meditação, porque aquele está preocupado consigo mesmo - em saber como está progredindo, o que está fazendo. Na meditação não há, de forma alguma, o meditador. Vejam por si próprios a beleza, a profundidade, a sutileza disso. A prática de meditação não é meditação - sentar-se e fazer com que a mente fique cada vez mais entorpecida, dizendo "sim, fiquei aqui durante uma hora". (...).
          Portanto, a meditação não é algo que se pratica, como se faz com um violino, com um piano. Praticar significa que se quer atingir certo nível de perfeição. Mas na meditação não há nenhum nível, não há nada a ser atingido. Assim, não existe meditação consciente, deliberada; ela é totalmente não dirigida, totalmente - se posso usar este termo, "inconsciente". Não é um processo deliberado.   (...)".






                                              

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