PENSAR NEGATIVO
Krishnamurti
Anteontem estivemos falando acerca do sofrimento e esta manhã
desejo falar sobre a morte. Para a maioria de nós, a morte é o fulcro do medo.
Tememos a morte e, por essa razão, nunca lhe compreendemos o imenso
significado. O medo, invariavelmente, deforma a percepção, faz-nos fugir àquilo
que tememos; e quando fugimos do fato que é a morte ou ficamos acabrunhados de
dor pela morte de um amigo, é-nos impossível aprofundar ou compreender, no seu
todo, o problema da morte.
Já discorremos sobre o medo e o sofrimento e penso que devemos
estar agora aptos a considerar sensata e profundamente este problema da morte.
Como já salientei, o amor, o sofrimento e a morte "andam juntos", são
inseparáveis. Isto não é mero conceito filosófico - não estou "fazendo
filosofia". Mas, se vos investigardes com profundeza, vereis que o amor
não pode ser separado do sofrimento e o sofrimento não pode desligar-se da
morte, pois os três, na realidade, são um só todo. Também não há nenhuma possibilidade
de se compreender a beleza e a imensidão da morte, se existe qualquer vestígio
de temor.
Para compreendermos a morte, acho que devemos examinar a questão
do pensar negativo e da renúncia. Porém, não tomeis isso por algo teórico,
impraticável. É a mente indolente que tudo rejeita como teórico, ou o reduz a
um sistema ou padrão de ação, perdendo, assim, a essência real, o significado
profundo do que estou dizendo. Eis porque vos peço que escuteis de espírito
aberto, amigavelmente, sem concordar nem discordar, sem nenhum motivo. Se
formos capazes de escutar com calma e prazer, sem motivo algum, o problema da
morte, então talvez apreendamos o pleno significado dessa coisa imensa que está
à nossa espera.
Primeiramente, gostaria de considerar junto convosco isso a que se
pode chamar "pensamento negativo". Bem poucos são os que pensam
negativamente, e o pensar negativo é a mais elevada forma de pensamento; é ver
o falso como falso, ver o que é verdadeiro no falso, e ver o que é verdadeiro
na verdade. Não podemos ver o que é falso, se meramente consideramos o falso
como oposto do verdadeiro; só podemos ver o que é falso quando não há nenhum
contraste, nenhuma comparação. O contraste e a comparação nascem do pensar
positivo. Se desejo compreender meu filho, por exemplo, tenho de desistir de
comparar; devo olhá-lo assim como é. Se o considero em termos de aprovação ou
reprovação - e tanto uma como outra coisa se baseiam na minha aceitação de um
padrão estabelecido pela tradição, pela experiência, pela opinião, etc. - nesse
caso, o chamado pensamento positivo e a chamada ação positiva me impedem a
compreensão. Só podemos compreender quando não há comparação, nem julgamento,
mas a simples percepção do fato real; e essa percepção é pensar negativo.
Desejaria explicar um pouco mais esse pensar negativo, porque,
para percebermos sua extraordinária beleza e vitalidade, precisamos em primeiro
lugar compreender o estado da mente que se acha livre do "conhecido".
Cumpre escutar o que se está dizendo, não como se fosse uma exposição filosófica,
ou um sistema que deveis seguir, porém escutá-lo para descobrirdes, por vós
mesmo, a verdade contida na questão. Aí sentados, como estais, experimentai
realmente o que se está dizendo. Não deixeis para pensar nisso posteriormente -
"posteriormente" não significa nada. Para o compreenderdes tendes de
vivê-lo agora, no momento presente.
Falei do "pensar negativo" e disse ser a mais elevada
forma de pensamento. Nós, em geral, nunca nos achamos num estado no qual
digamos "Não sei" - a não ser num sentido muito superficial. Há dois
estados de "não saber". Num deles, a mente diz "Não sei",
mas espera ou procura uma resposta. Nesse estado a mente traduz o que encontra
conforme seu próprio fundo ou condicionamento. No escutar, peço-vos
experimenteis convosco, para verdes que realmente é assim. Mas há um outro
estado em que a mente diz: "Não sei", e não espera nem procura
resposta nenhuma. Está ela, então, completamente vazia, seu estado é de negação
total, e só para essa mente é que pode despontar aquela coisa extraordinária
denominada "criação" .
Espero ter esclarecido bem os dois estados: o da mente positiva,
que diz: "Não sei", mas quer saber, e o da mente que diz "não
sei" e nenhuma resposta está procurando. Em regra, é-nos extremamente
difícil acharmo-nos no estado de "não saber", em que não se procura
resposta, porque não gostamos da incerteza. Mas a mente que tem certeza está
ainda enredada no "conhecido", e é necessário estarmos completamente
livres do conhecido para compreendermos o incognoscível, que é a morte.
Vejamos, pois, o que se implica na negação da "vida do conhecido".
Para a maioria de nós, a vida é conflito, dor. Há luta incessante,
efêmera alegria, muitas pressões e tensões, um fundo de memória acumulada que
"responde" a cada desafio, e cuja resposta é sempre inadequada. Há o
preenchimento e o sofrimento decorrente do não preenchimento; há avidez,
inveja, cólera, ódio, angústia; há o denominado "amor", uma chama
toda envolta na fumaceira do apego, da dependência, do ciúme. O tédio de ir para
o emprego diariamente, a familiaridade e o desdém existentes em nossas
relações, a constante "corrente subterrânea" do medo - eis a nossa
vida, para a qual desejamos continuidade. Nossa vida cotidiana se tomou um
hábito. Ela é superficial, vazia, e procuramos preencher esse vazio com crenças
e dogmas religiosos, com santos, salvadores, mestres. Nossa vida, com seus
apetites sexuais, sua ânsia de fama, seu desejo de conforto, poder, posição,
prestígio - é um círculo fechado de esperança e desespero. Eis tudo o que
conhecemos; e quando a morte chega, tememos deixar o "conhecido",
deixar esta nossa insignificante vida, porque com ela estamos tão acostumados!
Eis porque há conflito entre o viver e o morrer. As posses a que estamos
apegados, nosso dinheiro, nossa casa, nossa família, nosso nome, nosso caráter,
nossa experiência, nossa lembrança das coisas que fizemos e que não fizemos -
tudo isso constitui o "conhecido" e, quando se aproxima a morte,
temos medo de deixá-lo. Queremos a continuidade de todas as insignificâncias
que conhecemos.
Ora bem. Podeis ter idéias, teorias, a respeito da reencarnação,
da ressurreição, ou podeis estar apegados a alguma outra crença, mas a morte é
o fim da "vida do conhecido"; e o mais importante é rejeitarmos a
"vida do conhecido" - rejeitá-la sem motivo algum. Por "vida do
conhecido" entendo nossa vida de mesquinhez, ciúmes, nossa ambição, nossa
avidez. Temos de rejeitar totalmente essa vida, cortá-la pela raiz, mas sem
haver motivo algum para fazê-lo; porque, se temos algum motivo, esse próprio
motivo dá continuidade à 'vida do conhecido" e, por conseqüência, não há
possibilidade de se experimentar a extraordinária profundeza da morte.
Em geral, é com amargor que chegamos ao "fim do
conhecido"; chegamos ao fim de nosso cativeiro, cheios de ansiedade e
medo. Não morremos felizes, calmos, belamente. A idéia da morte nos põe num
estado de desespero e, por essa razão, se somos sutis, inventa-mos uma
filosofia do desespero, ou recorremos à "filosofia da esperança", como
o faz a maioria das pessoas chamadas religiosas. Ora, o relevante é rejeitarmos
tudo isso por o termos compreendido, quer dizer, rejeitarmos, sem qualquer
razão, a vida que conhecemos; e veremos, então, que nossa mente se achará num
estado em que começará a libertar-se do "conhecido". Essa é uma das
coisas que precisamos fazer, a fim de podermos compreender a imensidade e a
potência criadora da morte.
E agora consideremos a questão do tempo. Há tempo cronológico e
tempo psicológico. Não estou falando do tempo cronológico, do tempo marcado
pelo badalar do sino daquela igreja. Refiro-me à terminação do tempo
psicológico, e essa terminação só pode verificar-se quando a mente não está
buscando, obtendo, "chegando"; compreendeu inteiramente esse
"processo" e, por conseguinte, não há o amanhã como resultado das
experiências de hoje.
O tempo em cujo decurso vamos para o emprego, nos dirigimos a um
encontro com alguém, tomamos um ônibus, etc., é coisa completamente diferente
do tempo psicológico, que formamos com a esperança; eu não sei, mas saberei;
estou enraivecido, mas me encontrarei finalmente num estado de paz; sou
nacionalista, estreito, fanático, mas o tempo gradualmente trará a libertação
desse estado de mediocridade. O tempo, a mente o utiliza para mover-se, psicologicamente,
daqui para ali. E enquanto existir em cada um de nós esse tempo psicológico,
não haverá possibilidade de compreendermos o que é a morte.
Para compreender o que é a morte, a mente deve estar completamente
livre do medo. Deve achar-se num estado em que diz para si própria: "Eu
não sei" - e não procura nem deseja resposta alguma. Esse é o estado livre
do conhecido. Significa que a mente já não busca, psicologicamente, preparar-se
para, através do tempo, "vir a ser alguma coisa". Vereis, então, se
aí chegardes, que toda idéia de continuidade cessa por inteiro. Morre a mente
para todas as suas insignificantes ansiedades, apetites, invejas, vaidades -
morre para tudo isso imediatamente, e nesse morrer nenhuma idéia existe de
continuidade. Só quando há um fim, pode haver um novo começo. Com o "fim
do passado", desponta algo totalmente novo.
O que chamamos "pensamento" dá à mente a idéia da
continuidade - e eis o que é "tempo psicológico", porquanto todo
pensamento resulta de nosso condicionamento, nossa memória, nossa experiência.
Todo desafio provoca uma "resposta" desse fundo, e essa resposta é o
pensamento "em ação", por conseguinte, não há espontaneidade, jamais
há "resposta" que esteja livre do passado. Mas, quando tem fim o
nosso pensamento, nossa avidez, nossa inveja, nossa ambição e sede de poder,
toda a estrutura psicológica da sociedade, que constitui o "eu" -
quando tudo isso termina, sem motivo algum, a mente se acha num estado de
"não saber", completamente vazia; e só então há morte.
Que sucede, na realidade, quando morreis fisicamente? Deixais tudo
para trás; nada podeis levar convosco. Não importa quantos motivos tenhais para
viver, com a morte não se discute. Não podeis dizer à morte: "Ainda
preciso fazer isto e aquilo, dai-me mais um mês, mais um ano". Quando a
morte chega, ela lá está, absoluta, peremptória. Podeis crer na reencarnação ou
noutra forma de ressurreição, no futuro, mas todas as crenças são irrelevantes
ao terdes pela frente o fato da morte. E se, interiormente, morrerdes para a estrutura
psicológica da sociedade, para todas as acumulações do passado, podereis ver
que a morte é criação - não a criação do escritor, do músico, do pintor, do
cientista, porém criação que não tem começo nem fim. E, se não estamos nesse
estado de criação, que é morte, que é amor, nossa vida pouco significa.
Por conseguinte, não tomeis o que estou dizendo por uma certa
filosofia lógica ou superlógica, mas penetrai realmente em vós mesmo,
compreendendo-vos completamente. Negai totalmente tudo o que até agora
considerastes vida - vossas experiências, vossa ambição, vossa avidez, vossa
inveja - e vereis que nesse findar se encontra uma morte que é "criação
atemporal" e que, se desejardes dar-lhe nome diferente, se pode chamar
"Deus", o "imensurável", o "desconhecido" .
Desejais fazer perguntas sobre este assunto?
PERGUNTA: Não deveríamos guardar silêncio por alguns minutos?
KRISHNAMURTI: Os senhores não estavam em silêncio enquanto
escutavam? Não se mantinham atentos, vigilantes? E quando uma pessoa está atenta,
vigilante, há um silêncio de peculiar qualidade. O orador esteve explicando uma
certa coisa, e embora haja falado durante quarenta minutos - se não houver
errônea compreensão do que quer dizer - ele não fez uso do pensamento. Esteve a
mover-se de fato para fato, servindo-se de palavras para se explicar; mas se,
escutando, vos estivestes movendo apenas, por assim dizer, horizontalmente, no
nível verbal, nesse caso não tereis penetrado vertical e profundamente em vós
mesmos. Assim, o silêncio é um estado de atenção, um estado de real
descobrimento. Não vos achais em silêncio, se vossa mente foi silenciada, ou se
vos deixastes hipnotizar pelas palavras e os sentimentos do orador.
PERGUNTA: Se a compreensão não é permanente, se só se apresenta
"num clarão", que acontece no intervalo entre "clarões"?
KRISHNAMURTI: É preciso compreender a natureza íntima da
experiência. Para a maioria de nós a experiência é uma reação, é a
"resposta" de nossa memória a um desafio. Essa memória das coisas que
conhecemos pode ser antiga ou moderna, superficial ou profunda, e nós
"experimentamos" de acordo com esse fundo. As novas experiências vão
sendo acumuladas, armazenadas, e tornam, assim, cada vez mais forte o fundo.
Ora, quando há um "clarão de compreensão", isso não
constitui nenhuma "resposta" daquele fundo. Nesse momento, o fundo se
mantém em silêncio. Se
ele não está em silêncio, não há compreensão, porque, então, apenas
interpretais em termos do "velho" aquilo que ouvis ou vedes. O
"clarão da compreensão" não é contínuo, não é permanente. A
continuidade ou permanência pertence inteiramente ao fundo de experiência e
conhecimento que, perpetuamente, está respondendo aos desafios. A compreensão
só vem num clarão; e como surge esse clarão? Esse clarão não pode verificar-se na
mente indolente, deformada, tradicional, embotada, entorpecida, nem tampouco
naquela que visa ao poder, à posição, ao prestígio. O clarão da compreensão só
pode ocorrer na mente alertada; e que continua alertada, mesmo quando nenhum
clarão ocorre. Essa mente está sempre desperta, vigilante. Estar vigilante, sem
diferenciar, observando cada movimento de pensamento e de sentimento, vendo
tudo o que se passa - isso é bem mais importante do que aguardar o clarão da
compreensão.
PERGUNTA: Podeis explicar melhor a questão do "ver o
verdadeiro no falso"?
KRISHNAMURTI: Isso é tão simples e tão claro - há necessidade de
mais explicações? Considerai qualquer coisa falsa, o nacionalismo, por exemplo.
Perceber a falsidade do nacionalismo é perceber a verdade no falso. Ver o que é
falso na autoridade, a falsidade da igreja, é descobrir o verdadeiro. Perceber
a verdade no ciúme, na ambição, na busca de poder, de posição, de prestígio, é
ver sua completa falsidade; e quando vemos esta verdade, não uma pontinha dela,
porém sua totalidade, então esse próprio ver liberta a mente do falso.
PERGUNTA: Não há perigo de condenarmos certas coisas que não
aprovamos?
KRISHNAMURTI: A condenação é uma reação, uma resistência, e aquilo
que condenamos, evidentemente, não compreendemos. Suponhamos que eu seja
católico, comunista, qualquer coisa, e, porque desejo descobrir a verdade
relativa a essa questão, começo a considerá-la, a penetrá-la. Percebo então a
falsidade do apego a qualquer dogma e crença e, assim, de pronto as rejeito.
Essa rejeição não representa uma condenação do comunismo ou da igreja. Vejo
simplesmente que essas coisas nada significam para um homem que tem o sério
desejo de descobrir o que é verdadeiro.
PERGUNTA: Quando a mente está perfeitamente quieta, silenciosa,
quem está consciente desse silêncio?
KRISHNAMURTI: Quando sois alegre, feliz, no momento em que vos
cientificais desse estado, já não sois feliz. Já notastes isso? Não? No momento
em que vos identificais com a felicidade, acabou-se a felicidade. Ela é então,
apenas, uma lembrança. O silêncio não pode ser experimentado pelo
"eu". Talvez examinemos esta questão quando eu voltar a falar sobre a
meditação.
INTERPELANTE: Uma das causas de conflito em mim é a questão de
saber o que é correto fazer.
KRISHNAMURTI: Senhor, que é compaixão? Não é um estado de
simpatia, piedade, consideração? E nele, por certo, não há o sentimento de
ajuda a outrem. Estou aqui ajudando a todos os que me ouvem? Espero que não.
Digo-o a sério. Se tenho o sentimento de vos estar ajudando, nesse caso
considero-me uma pessoa de maior saber e, desse modo, torno-vos meus
seguidores. Não nos referimos a ajudar-nos uns aos outros mas, sim, procuramos
descobrir o verdadeiro; e esse descobrimento exige imensa compaixão. Nesse
estado de compaixão, podemos dar ajuda, dar simpatia a outro, mas não há
conflito interior.
INTERPELANTE : Dissestes ser a ambição uma coisa falsa. Não
percebo como pode ser assim. Se renuncio a minhas ambições, puramente
materialistas, para alcançar a vossa imensurável compreensão, isso é ainda uma
forma de ambição. A ambição é necessária, se desejamos "chegar a alguma
parte" na vida.
KRISHNAMURTI: Tantas coisas estão envolvidas na ambição!
Primeiramente, temos a autoridade - a autoridade - de um padrão que vós mesmo
estabelecestes e que vos obrigais a seguir, ou a autoridade da estrutura
psicológica social. Ora, autoridade supõe obediência. A estrutura psicológica
da sociedade exige que sejais competidor, ambicioso, ávido, invejoso, sequioso
de poder, etc. Se percebeis a falsidade de tudo isso, não deveis rejeitar - no
sentido dessa palavra, conforme expliquei esta manhã - a estrutura psicológica
da sociedade? Esta estrutura é que nos faz ajustar-nos, que nos torna
embotados, extremamente insensatos; por conseguinte, a mente religiosa deve
estar livre da estrutura psicológica da sociedade.
Ao dizerdes que um indivíduo precisa ser ambicioso para
"chegar na vida a alguma parte", que significa isso? Significa lutar
para alcançar alta posição, nessa confusa e miseranda sociedade em que vivemos.
Mas, não é possível vivermos neste mundo sem ambição, sem alvo?
Como se estabelece um alvo? Ou o "projetais" do fundo de
vosso próprio desejo, ou seguis o exemplo, venerais o êxito de outro. Assim se
estabelece o alvo de cada um de nós, em conformidade com o condicionamento que
nos foi imposto por determinada sociedade ou cultura. A "projeção" de
um alvo decorre de nossas próprias reações, nobres ou ignóbeis.
Ora, por que necessitamos de alvo? Desejar um alvo significa que
não nos contentamos com viver plenamente, dia por dia. Queremos ter o
sentimento de "estar chegando a alguma parte" e, por isso,
estabelecemos um objetivo, para darmos à vida uma profunda significação. Nossa
vida e atividades de cada dia pouco exprimem e, assim, projetamos um ideal que
pensamos lhe dará significado; mas não dá, porque o que "projetamos"
nós mesmos o criamos. O importante não é termos um propósito, porém, sim,
vermos se nossa existência diária encerra em si alguma significação.
7 de agosto de 1962.
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